29 de dez. de 2015

Scream Queens - A Melhor Sátira de 2015


Quando falamos de sátiras, falamos de ter que estudar um pouco mais sobre as críticas que elas fazem. Eu demorei para escrever esse texto, porque eu precisei de ter um tempo de observação mais profunda sobre as críticas para perceber o quão certas ou erradas elas estavam. Para mim, nessas pesquisas que fiz, a série só cresceu ainda mais, comecei a ver o quão construtiva ela é para a sociedade de hoje.

A série Scream Queens nos traz paródias de filmes de terror e críticas sociais. Os dois primeiros episódios já mostra para o que a série veio, ele é cheio de piadas politicamente incorretas e, até, polêmicas, você não será poupado de racismo, homofobia, machismo nessa série. A série nos dá um tapa na cara, na cena em que a garota tem um filho e suas amigas preferem dançar do que socorrê-la, o que faz com que ela acabe morrendo. No começo, nós não sabemos se gostamos ou odiamos, mas o Ryan Murphy, genialmente, criou um outro mundo. Um mundo louco. Um mundo onde as pessoas são o que são. Um mundo sem máscaras. Me fale se você não queria ser qualquer uma das personagens de Scream Queens? Sinceramente? Todo mundo queria ser, mas não é, pois ser elas ou eles não é socialmente aceito.


Dentre os filmes escolhidos pela série nessa temporada estão "Massacre da Serra Elétrica", "O Iluminado", "Mean Girls", "Sexta-feira 13", além, também, de referências à cena Pop (vemos eles fazerem citações com nomes de diretores cults e, até, da série Game Of Thrones). Uma das paródias que eu mais gostei foi a paródia que fizeram de "Orange Is The New Black", não imaginava uma série da televisão à cabo homenageando uma produção do Netflix, então achei simplesmente sensacional.


Sobre as críticas sociais, achei elas relevantes e vou me aprofundar um pouco mais abaixo, baseado nas pesquisas que fiz:

(CONTÉM SPOILERS, SE NÃO GOSTA, ASSISTA A SÉRIE ANTES DE LER)

A série nos apresenta "femistas", mulheres que não são feministas, apesar de dizerem ser. Elas não oprimem apenas os homens, mas oprimem também as garotas da série. Quem não é loira, rica e bonita, não é certa para a "sororidade" Kappa Kappa Tau. Porém, devido aos acontecimentos bizarros (racismo, homofobia, zoofilia) anteriores ao tempo da série, a diretora da faculdade decide fazer com que a Kappa Kappa Tau aceite obrigatoriamente qualquer garota que queira entrar. Isso é um pesadelo para as garotas originais da KKT, pois elas não mais vão poder se rodear de pessoas loiras, ricas e bonitas.

Então conhecemos os machistas da série, bem diferentes do que na realidade, porém igualmente escrotos, se comparados com as garotas da KKT. Eles fazem parte de outra irmandade, que é a irmandade de golf "Dickie Dollar Scholars" (DDS). Dentre eles, temos o Nick Jonas, que interpreta um "gay assediador" (olha a piadinha homofóbica aí, rs') na série. Ele é amigo do líder dessa irmandade, sendo que esse líder, o Chad Radwell, é um necrófilo de gostos duvidosos por cadáveres e, também, ególatra e babaca.


Também quero aproveitar para citar que temos uma personagem racista e ela é negra. Trata-se da policial Denise Hemphill. Ela ficará a série inteira tentando prender  e acusando uma das garotas, pois a garota é a primeira negra a entrar na Kappa Kappa Tau. Essa perseguição vai até o último episódio.

Logo a série fica divertida, há um assassino em série matando as garotas e os garotos dessas duas irmandades! Ficamos felizes com todas e cada morte. Afinal, "eles eram escrotos, eles merecem" ou será que não?!


Dentre diversas críticas sociais, com a série sempre nos apresentando os extremos do comportamento humano (como a cena da Chanel #2, onde ela prefere postar no Twitter que está sendo assassinada do que pedir socorro ou a cena em que os garotos da irmandade DDS estão sendo perseguidos pelo assassino, mas preferem brigar sobre quem vai ficar com uma das garotas), vemos então o quão ridículo a sociedade realmente está. É através do extremo, do exagero, que tomamos, de certa forma, consciência sobre os nossos comportamentos e pensamentos pessoais e internalizados.

Outra crítica que achei relevante, é que nos primeiros episódios, a diretora tenta a todo custo dizer que a Universidade não tem culpa dos acontecimentos "porque tudo está acontecendo fora da universidade", vejamos se não é exatamente isso que está acontecendo na USP e em tantas outras universidades com os casos de trotes, homofobia, racismo e estupros?! Eles dizem que não têm culpa, afinal, aconteceu "fora da universidade", mesmo apesar de, claramente, eles terem responsabilidade sobre tais acontecimentos, mesmo que através da omissão.


A série tem um final excepcional, das poucas séries que se segurou até o fim, nos fazendo rir no caminho. Com pelo menos 1 morte por episódio e paródias de diversos filmes de terror, a série acaba nos apresentando o final merecido para todas as tais "femistas" (elas acabam em um hospício) e para os machistas (todos morrem nas mãos do assassino).

Além de nos fazer refletir sobre a sociedade e abrir novas discussões sobre o feminismo, a série com certeza é a melhor sátira de 2015.

15 de jun. de 2015

O novo Poltergeist é bem coxinha

Ontem eu fui assistir a nova versão do Poltergeist com meus amigos. É um ótimo filme, mas eu achei bem coxinha. O diretor decidiu seguir os padrões dos filmes recentes, usou (d)efeitos especiais demais e não explorou e temática, que me é tão boa, da versão original.


Lógico que quando se fala de Poltergeist, nunca se esquecem da "Maldição Poltergeist", isso por que em uma das cenas do filme original usaram cadáveres reais e muitos atores que participaram da versão original acabaram morrendo de causas misteriosas. Eu espero que isso não aconteça novamente, porém vale lembrar os motivos de tanto se falar desse filme.

A nova versão começa com a mesma história, uma família se muda para uma casa e essa casa será perturbada pelo tal "fenômeno Poltergeist", tudo parece bom no começo, porém o filme tem vários tropeços e não convence.

No original, fica bem claro que os espíritos estão destruindo o sonho americano. É um cemitério indígena que há abaixo da propriedade e os índios estão se vingando de quem destruiu, não apenas quem destruiu o cemitério, mas as pessoas que destruíram toda a cultura indígena, mataram índios, tomaram suas terras. O Poltergeist é uma espécie de organismo vivo, por mais que seja formado de vários espíritos, é como se a casa tivesse vida por si só. Isso se perdeu totalmente na nova versão.

Das cenas que valem dizer que ficaram boas nessa nova versão está a cena quando o drone entra dentro do armário, no original não vemos o que há dentro do armário em momento algum. Isso com certeza se deu através de influências daqueles filmes que acontecem em primeira-pessoa, que só surgiu pouco tempo depois da versão original com o clássico "Bruxa de Blair" e, claro, o mais famoso e recente "Atividade Paranormal".

O filme que é criado pelo mesmo diretor do remake de "A Morte do Demônio" (que aliás, sim, é um ótimo filme) deixa bastante a desejar. Em momento nenhum fica claro que os espíritos da casa se alimentam do medo, eles encontram uma solução fácil para destruir os espíritos, que sim, são destruídos. Na versão original isso não acontece, a família foge da casa enquanto a casa está caindo aos pedaços. Os espíritos não vão pro céu.

Essa nova versão deixou muitas lacunas se relacionarmos com o original. Eles perderam muitas boas cenas, por exemplo: é sério que eles acharam que amontoar livros assustaria mais que a cena das cadeiras do original? A cena das cadeiras até hoje me assusta e olha que o original é bem antigo. Outra cena que senti falta, definitivamente foi a cena da piscina, era uma cena que dava muito desespero da mulher nadando na piscina enquanto os corpos iam aparecendo na água suja, a água suja com cadáveres foi preservada em 2 cenas dessa nova versão, mas o medo provocado na versão original não permaneceu nessas novas cenas.

Quando falo que o novo Poltergeist é coxinha, estou falando até de cenas mais básicas. Na cena onde todos da casa estão sofrendo fenômenos paranormais ao mesmo tempo, eu lembro que, na versão original, a mãe está rolando e voando pelo teto da casa, enquanto a garota está sendo sugada para o armário, por que não mantiveram essa cena? Além disso, na versão original, os pais estão fumando maconha e não bebendo álcool quando o filho entra no quarto pra falar que está com medo, será que num momento tão importante quanto o atual sobre a legalização das drogas, tirar essa cena do filme foi uma boa opção? Será que o diretor acha que pais de família não podem fumar maconha? Não sei.

Por fim, o novo Poltergeist é coxinha porque decidiu seguir muitos filmes recentes de terror, porém apagou a temática, apagou a coragem do Spielberg e apagou quase toda a energia do original. Poderia ser um ótimo filme, se tivesse outro nome, mas como Poltergeist, eu esperava bem, bem mais.

18 de fev. de 2015

10 motivos para odiar "50 Tons de Cinza"



10 motivos pra odiar "50 Tons de Cinza":

1 - O filme é machista e babaca e incentiva violência doméstica.

Bem, o filme foi escrito por uma mulher e foi dirigido por uma mulher. Se uma mulher gosta de sadomasoquismo e aceita isso, isso não se enquadra em violência doméstica. Não podemos ditar quais são os desejos sexuais das pessoas.

2 - O filme só tem sexo.

Não, na verdade ele até tem uma história boa. Conta a história de um cara que foi estuprado quando criança e se tornou uma pessoa bem-sucedida, porém perversa e sádica. Devido aos traumas que sofreu durante a vida, ele, que não sabe o que é amor, que não sabe o que são relacionamentos ou que vive numa descrença de seus próprios sentimentos, desconta sua raiva batendo em mulheres. Porém, ele se apaixona por Anastasia que começa a tirar ele dessa realidade idealizada que ele construiu em torno de si para afastar as pessoas dele. Outra coisa, o filme tem 2 horas de duração e apenas 20 minutos de cenas de sexo, então, não, o filme não é um pornô. Na verdade, pra quem assistiu filmes melhores como Ninfomaníaca ou o clássico The Dreamers, chega até a ser uma piada dizer que 50 Tons de Cinza "só tem sexo".

3 - Eu não curto sadomasoquismo.

Ah, que bom, pois o filme também não tem nada disso! Ele conta uma história fictícia que foi escrita por uma pessoa que nem sabe o que é sadomasoquismo. Nessa história, que foi escrita em forma de fanfic de Crepúsculo, a pessoa, que é uma mulher, apenas decidiu expressar seus desejos sexuais e vontades através dos personagens. 50 Tons está para sadomasoquismo tanto quanto Peppa Pig está para filme de terror.

4 - O filme não tem conteúdo.

Na verdade tem muitas coisas no mundo que não tem conteúdo e já que citou, qual a diferença em se perder 2 horas assistindo ao filme e perder 2 horas vendo uma luta do Anderson Silva? Nenhuma. O filme está lá para entretenimento, assim como lutas, assim como o futebol, assim como tantas outras coisas que não tem conteúdo e que ninguém fala nada sobre, é tudo questão de gosto. Se você não gosta, problema seu! Falar mal, pelo menos até agora, ainda não fez o filme perder público. Pelo contrário, ele bateu o recorde de Matrix de filme mais assistido mundialmente na primeira semana de estreia.

5 - O filme é fútil.

Através de diversos aspectos, não, não é. Dá para se abrir diversas discussões com o conteúdo do filme. Dá para se falar sobre a decadência daqueles que são ricos. Dá para se falar sobre problemas psicológicos. Dá para se falar sobre abuso e violência doméstica, como já se têm feito à exaustão por aqueles que odeiam o filme.

6 - O filme só traz influências negativas.

Muitos casais já têm dito que suas vidas sexuais melhoraram por causa do livro e do filme, se as pessoas estão mais felizes, por que tem gente dizendo que o filme só traz influências negativas? Ninguém é dono da felicidade alheia e por final, vale lembrar que o filme é uma obra de ficção. Se uma pessoa não é adulta o suficiente pra saber separar ficção de realidade, ela deveria procurar um psicólogo, pois eu tenho certeza que o Christian Grey não vai procurar, até porque, no mundo real, ele não existe.

7 - É um filme de jovens virgens ou pessoas que não fazem sexo.

Na verdade, as pessoas que mais estão assistindo ao filme e lendo ao livro são mulheres casadas, na faixa de seus 30 anos e com vida sexual ativa. Os fatos estão aí, não há porque acreditar no senso comum. Além do fato de que, nos EUA, o filme é só para maiores de 18 anos, no Brasil, maiores de 16 anos, então, não, crianças e jovens não vão poder assistir. Pelo menos, não no cinema...

8 - Incentiva as pessoas a gostarem de apanhar.

Quem gosta de sadomasoquismo, vai continuar gostando independente do filme, quem não gosta, vai continuar não gostando. Não há razão para acreditar que um filme vai fazer uma pessoa se excitar por algo que nunca a deixou excitada antes. Fetiches existem e esse é um dos primeiros filmes "mainstream" que fala abertamente sobre eles, porém não o primeiro. Temos centenas de outros antigos como De Olhos Bem Fechados, Pink Flamingos, 120 dias de Sodoma, Invasão de Privacidade, Sozinho Contra Todos, Último Tango em Paris, Secretária, Beleza Adormecida (e a lista segue) e eu não vejo ninguém comendo bosta só porque assistiu 120 dias de Sodoma.

9 - O pastor disse que o filme é do diabo.

Jesus te ama, mas não te come. Eu acho que se existe diabo ou deus, eles estão preocupados com outras coisas e não com sua vida sexual ou com os filmes que você assiste ou deixa de assistir.

10 - O filme é ruim.

Quem define se o filme é bom ou ruim? Você? Eu? Bom, como isso é muito subjetivo de cada pessoa e seus gostos, eu acho que isso não é um real motivo para odiar 50 tons. A começar, a trilha sonora do filme é impecável, temos de Beyoncé a The Rolling Stones. Depois temos a fotografia, fala sério, é tudo perfeitamente encaixado, pincelado, é tudo bonito no filme. As pinceladas em tons sombrios é o que dá o ar para o filme, cada cenário perfeitamente montado, o "quarto de jogos" lindo do Christian Grey e aquele piano com aquela janela panorâmica, acho que nem a escritora imaginou algo tão utópico quanto tudo o que vemos no filme... E a atuação? Para uma história que realmente não é das melhores, os atores deram o melhor de si. Você realmente está vendo Anastasia e Christian na tela e não Dakota Johnson e Jamie Dornan e isso é sensacional!

Agora se você ainda odeia o filme, mesmo depois desses 10 motivos, vamos lá comigo assistir? :P

29 de nov. de 2013

Creepypasta - A Atração abandonada da Universal Studios - Real Life

Era a primeira vez que eu visitava o parque, eu sou turista, vivo viajando e gosto de parques de diversão. Eu não imaginava, nem de longe que eu encontraria tal atração de tamanho mal gosto dentro de um parque tão famoso como a Universal.

Eu voltei ao parque mais uma vez, porém tal atração já estava fechada, sem placas que indiquem o que existia ali na época em que fui lá. Por isso vou contar a seguir o que me aconteceu na primeira vez que fui ao parque. 

Foto de um dos cenários que existe dentro da Universal Studios.
Cheguei ao parque com um carro alugado, estava sozinho, geralmente meus amigos que costumam viajar comigo não curtem parques de diversão e, além disso, a Universal tinha um preço salgado na época, que eles, até por não gostarem, não pagariam.

Estava esperando o parque abrir em uma pequena fila que havia se formado na entrada. Ainda estava bastante cedo, mas eu queria ser dos primeiros a entrar. Era uma semana de março, suponho que muitas pessoas estavam trabalhando ou estudando, o parque não lotou muito, mesmo depois que abriu.

Mesmo assim as filas eram gigantescas, quando digo que o parque não estava tão lotado, falo no sentido de que não havia muitas pessoas pelas ruas do parque, mas ainda assim percebi que só iria conseguir ir em três ou quatro atrações naquele dia. Filas duravam até 4 horas, fiquei bastante desanimado, mas iria aproveitar o dia mesmo assim, gosto de desafios.

Fui em duas atrações e quando deu umas 5 p.m. eu já estava cansado e dei uma parada pra comer alguma coisa. Depois de comer decidi andar um pouco pelo parque, mesmo que eu não conseguisse ir em tudo, queria mesmo assim conhecer o parque por inteiro, aquele sentimento que só fã de parques têm. Fui para uma área do parque onde tinha uma atração com bandeiras de diversos países, aproveitei para tirar algumas fotos ali, porém continuei andando mais para o fundo até a atração “MIB – Homens de Preto”, na época (faz tempo que não vou ao parque e não sei se ela ainda existe hoje). Foi então que começariam os piores momentos da minha vida naquele parque.

Do lado da atração MIB e onde hoje é um lugar inacessível e, provavelmente, vazio, havia uma atração diferente. Era uma espécie de mansão e o nome era “Real Life” (vida real), tentei pensar em qual filme a atração se baseava, mas não me lembrei de filme algum com esse nome ou que tivesse uma mansão que fosse de longe parecida com a mansão que era a fachada dessa atração. Decidi chegar mais perto para ler a placa que fala sobre as restrições da atração, quando percebi que a fila estava bem menor do que em outras atrações, tinha umas 30 pessoas no máximo naquela fila, até a grade tinha um formato desenvolvido para receber poucas pessoas. Entrei na fila na intenção de perguntar se era uma atração paga, porque as únicas que tinham filas tão pequenas como aquela eram pagas, porém a pessoa me disse que aquela atração estava incluída no valor do ingresso.

Então decidi ir conferir essa atração (por que não?), não imaginava que encontraria ou veria algo bizarro lá dentro, a mansão tinha uma cara animadora, apesar de algumas atrações de terror que havia no parque na época, por fora não parecia ser o caso dessa. Havia crianças na fila, o que eu não estava ligando muito naquele momento, mas que me importaria depois pelo choque emocional que elas sofreriam dentro dessa atração, eu realmente não esperava ou imaginava o que eu acabei encontrando ali dentro.

A fila, apesar de pequena foi bastante demorada. Entravam em grupos pequenos de cinco ou seis pessoas (seis quando uma delas era uma criança com um responsável) e demorava cerca de 20 minutos, antes de entrar o próximo grupo, ou até mais, porque eu estava olhando no relógio... Já era quase 6 p.m. quando estava chegando a minha vez de ir, algumas pessoas haviam entrado atrás de mim na fila até esse momento, mas nada que me fizesse prever o que eu iria testemunhar lá dentro.


Ainda demorou cerca de mais 25 minutos antes de eu conseguir alcançar a entrada, já estava quase desistindo, pois começava a escurecer. Porém cheguei finalmente á entrada.

Um senhor disse que era proibido tirar fotos dentro da atração e que o percurso era feito a pé e que não podíamos correr ou tocar nos atores... Seguimos em frente para dentro da atração, era uns largos cinco degraus de concreto antes de alcançarmos a entrada da grande mansão, logo imaginei um labirinto (como era algumas atrações do parque), havia uma criança no meu grupo e eu me sentiria mal em breve por tudo o que ela viria dentro dessa atração.

Logo no primeiro cenário da atração, eu percebi que aquilo era absurdamente anormal. O primeiro cenário era uma cama bastante suja com garrafas de bebidas vazias, um garoto loiro e magro que chorava em uma cama suja enquanto aplicava nele mesmo o que parecia ser heroína ou alguma droga injetável. Aquilo era tão real que me dava nojo, ele então deitava ainda com a agulha no braço e chegava a vomitar em determinado momento da “atuação”, era bastante pesado aquela cena além de ser muito nojento. Depois disso ele pegava uma colher e colocava um isqueiro aceso debaixo dela, a fumaça que saía dali fedia muito, parecia droga de verdade. Eu fiquei bastante comovido com a cena que vi, a criança que estava no grupo começou a chorar, eu logo percebi que ela não deveria estar ali.

O mais estranho dessa atração, e que eu consigo me lembrar agora enquanto escrevo, é que não haviam portas de saída de emergência em lugar algum ali dentro, portas das quais haviam em enorme quantidade em todas atrações que fui antes dessa.

Continuamos andando, eu já não queria ver o que teria no próximo cenário, queria voltar, queria sair, aquilo era horrível, uma brincadeira de mal gosto! Mas tivemos que seguir em frente. Passamos por um corredor onde vimos um armário de madeira onde havia vários pinos de cocaína e seringas espalhados sobre ele, achei aquilo ainda mais desumano do que o cenário anterior, não sabia o que estava por vir...

O segundo cenário era uma cozinha onde um ator estava amarrando uma corda no teto e no próprio pescoço e quando passávamos por ali, ele chutava a cadeira em que estava. Era um suicídio, estava claro isso. Ele se debatia enquanto estava pendurado apenas pelo pescoço, eu vi enquanto ele ficava roxo, era uma cena tão pesada pra mim e para todos que ali estavam. Muitos não queriam ver e até tamparam o rosto. Depois ele parava de se debater em um tom mórbido e cadavérico, eu me pergunto até hoje se ele não se matou de verdade ali, porque eu posso jurar que o vi morrer, eu vi os olhos dele esbugalhados e ele ficando roxo enquanto buscava ar, era horrível, perverso e totalmente anormal algo nesse teor em uma atração que deveria ser divertida.

Passamos por mais um corredor, dessa vez era um corredor onde passávamos por meio de cordas com nós de enforcamento (o parque estava mesmo nos convidando a nos matar?).

Em seguida entramos em outro quarto, nesse outro quarto havia uma garota seminua e um cara sem camisa, o cara parecia ter 40 anos e não era bonito, a garota era bonita como deveria ser, porém parecia ter menos do que 21 anos!! Ele a pagava com notas de dólares, ela colocava o dinheiro na bolsa e começava a ter ato sexual com ele, era uma encenação, porque ela não fazia nada explicitamente, mas a intenção do cenário ficou bastante clara. Pedofilia.

Continuamos andando, o pai da criança já comentava sobre procurar algum funcionário para reclamar sobre isso, eu também queria fazer isso quando saísse dali, era horrível esse tipo de brincadeira não tinha graça alguma e não havia nada divertido ali dentro.

Passamos por mais um corredor aonde vimos mais um armário e uma arma nele. Havia outras armas penduradas na parede como espingardas e armas antigas, porém no armário havia uma réplica de uma arma bastante usada atualmente, um calibre 38. Eu só lembro disso porque havia uma placa perto do armário e abaixo de todas as armas indicando qual era o modelo de cada uma delas.

Entramos em mais um cenário, esse cenário era um bar, um cara entrava com uma arma como a que estava dentro do armário apontando para a cabeça do atendente atrás do balcão. Ele pedia para o cara do balcão passar todo o dinheiro pra ele, mas o cara se recusava, eu já imaginava que veria algo que não queria ver, mas isso foi cruel. Ele deu três tiros na cabeça do atendente, foi tão real que eu comecei nesse momento a me perguntar se isso era uma brincadeira de muito mal gosto ou era real. O atendente caiu atrás do balcão desacordado, após 3 buracos estourarem em sua cabeça com muito sangue. Eu corri para ver o que havia acontecido com o ator, porque aquilo não parecia ser brincadeira, mas o cara que segurava a arma me impediu, disse pra continuar andando pela atração. Todo mundo já estava em estado de choque.

Passamos por mais um corredor, esse era um corredor vazio e num branco translúcido, eu diria que era um branco mais branco do que o branco, porque refletia a luz dali, era um corredor bizarro.

Então entramos no último cenário. O último cenário era uma sala redonda com um desenho de um palhaço gigante na parede que estava na nossa frente. Havia cinco portas, onde somente o pai com o filho entraria acompanhado de alguém em uma delas. Havia um aviso de que tínhamos que escolher portas separadas onde só podia entrar uma pessoa em cada porta, fizemos isso. A criança já estava chorando bastante e o pai dela nervoso.

Como se houvesse uma câmera no local, assim que nos colocamos na frente de cada porta, elas se abriram. Eu segui em frente, já estava com bastante medo, não sabia o que iria ver ali dentro, mas não queria ver mais nada dessa atração desgraçada.

Esse último cenário era um quarto escuro, que assim que entrei, não sabia se continuava andando ou parava de andar, a porta se fechou atrás de mim. Ouvi risos por todos os lados e decidi continuar andando. Esbarrei em algo gelado na minha frente, era algo pendurado e gelado, parecia um boneco, mas estava muito frio e fedia. Risos continuavam por todos os cantos daquele cenário. Ouvi alguém dizer no alto-falante que agora eu era condenado porque tinha visto a vida real, ou algo do tipo, pois não me lembro direito (e nem quero lembrar) e ele terminou a frase em mais risos. Eram risos agudos e graves, não eram risos da mesma pessoa. Eu havia parado de andar ao esbarrar naquilo que estava na minha frente, aquele lugar fedia demais. A luz então começou a piscar e eu vi, vi o que eu não queria ver!

Naquele quarto havia diversos cadáveres. Era muito real. Eles estavam no chão empilhados, alguns pendurados nas paredes ou no teto por correntes, eram crianças, adultos e animais. Era uma cena muito nojenta e de muito mau gosto e então percebi que cheiro era aquele, era um cheiro de formol misturado com podridão, era um cheiro horrível e que até hoje não me esqueço. A imagem que eu via diante dos meus olhos era inacreditável, eram cadáveres reais, era tudo muito real. Então uma porta que levava para fora da atração se abriu em uma das paredes e, finalmente, eu saí.

Nunca vou me esquecer dessa atração. Fui até o SAV e reclamei dela, era uma brincadeira de muito mau gosto, se é que era uma brincadeira. Fui embora logo em seguida, estava me sentindo mal para continuar no parque.

Quando voltei ao parque em Dezembro do mesmo ano, a atração não existia mais. Existia um local vazio, placas haviam sido tiradas e o local estava cercado por tapumes. Dava pra ver que a mansão ainda existia atrás daqueles tapumes, mas não estava mais funcionando (ainda bem).

Hoje dizem que ali não há mais vestígios do que era a atração “Real Life”, mas eu nunca mais voltei ao parque para ver isso. Eu ainda sinto nojo do parque por fazer uma brincadeira de tão mau gosto com os visitantes e com várias crianças que chegaram a entrar na tal atração e que hoje devem ter traumas irreversíveis. Quando as pessoas me chamam para ir ao parque eu me sinto mal, pisei só duas vezes no parque, sendo que na segunda vez eu já não me sentia tão bem só de me lembrar da tal atração... E minha história é essa.

24 de mar. de 2013

Em Memória de My Chemical Romance

My Chemical Romance se separou na sexta-feira a noite (22), encerrando uma carreira que conseguiu durar por doze anos e que produziu o Rock 'n' Roll mais visceral e dramático dentre as bandas recentes.

Existe, com certeza, coisas que eles deixaram para nós - quatro álbuns, todos os quais são excelentes (e nenhum deles tem a música parecida com o anterior), dois DVDs com músicas ao-vivo, paletas de maquiagem pancake, vários cabides de fantasias elaboradas e um carretel de videoclipes tão épicos que deveriam provavelmente ser preservados por toda a eternidade - e, mesmo assim, nenhuma destas coisas fez jus ao que o My Chemical Romance realmente era. Pois eles foram uma banda feita de coisas intangíveis, eles eram mais sobre idéias e ações, esperanças e sonhos. Eles sempre existiram na mistura entre criatividade e conflitos. Esta é a razão pela qual eles eram uma grande banda e também pela qual com certeza eles irão fazer falta.

Eles "queriam mudar o mundo", "matar o rock and roll" e depois ressucitá-lo, usar a "arte como arma"... Talvez eles conseguiram fazer tais coisas, talvez não, mas isso de fato é irrelevante, pois My Chemical Romance foi uma banda rara, que se desafiava a sonhar alto e que realmente fazia isso.

Eles nasceram das cinzas de 11 de Setembro, quando o vocalista, Gerard Way, viu as torres gêmeas tombarem e decidiu que a única forma de trazer um sentido para o mundo seria criando uma banda. E pela década que se seguiu, ele e seus amigos nunca perderam essa vontade: MCR fez tudo ao máximo; tocaram músicas difíceis e rápidas, fizeram álbuns conceituais, produções elaboradas de seus shows, sempre integrando toda esta arte á sua música de uma maneira que poucas bandas conseguiram fazer. É por causa disso que essa separação é tão chocante - eles não saíram com armas brilhantes, mas com um pequeno anúncio postado em seu site. Mas se essa é a pior coisa que podemos dizer sobre eles, bem, eu prefiro acreditar que eles não estão ligando para isso.

É bizarro elogiar uma banda que sempre teve como tema principal a "morte"; é como se o MCR estivesse escrevendo seu atestado de óbito desde o começo. Então é melhor se lembrar deles não pelo o que eles fizeram, mas pelo o que eles ainda fazem: My Chemical Romance salvou vidas. A música deles e a mensagem que tinha nelas trouxe conforto para quem precisava, ajudou pessoas estranhas a se sentirem menos sozinhas, guiou a multidão pela escuridão levando ela para a luz. Eu sei, tudo isso parece artificial e até fácil demais, mas é a verdade. A relação entre MCR e seus fãs era diferente de qualquer outra que eu presenciei nesta década, e lembre-se que eu sempre estive acompanhando o Rock. Eu tenho a sensação de que isto vai continuar; a banda pode ter acabado, mas as músicas ainda sobrevivem.

Se MCR mudou o mundo? Talvez. Se eles mudaram vidas? Com certeza. Eu posso até não ter nenhuma prova para falar isso, mas de qualquer forma eu não preciso. É algo inalcançável para vocês, tem coisas que temos que acreditar. Se você está de luto hoje, as chances são de que você acredite no que estou dizendo. My Chemical Romance morreu, longa vida para My Chemical Romance.

Por James Montgomery para MTV (tradução feita pelo RDC, se copiar, por favor colocar os créditos).