10 de fev. de 2011

Corpo Seco



A lenda do Corpo Seco diz respeito a um homem de índole ruim, tão perverso que durante sua vida adulta batia freqüentemente na própria mãe.  Por isso, quando morreu foi rejeitado primeiramente por Deus, depois pelo Diabo, e até mesmo a terra enjeitou o seu corpo, devolvendo-o à superfície toda vez em que nela ele era enterrado. Desde então, como não tem um lugar onde possa descansar em paz, o Corpo Seco (assim chamado porque se transformou em pele e osso) fica vagando sem rumo pelos campos, florestas ou ruas de alguma cidade, grudando-se em árvores que não demoram a secar depois de transformadas em “encosto” por aquela “coisa” murcha e horrorosa. Talvez daí tenha nascido o dito popular que diz “Quem bate na mãe fica com a mão seca”.

Essa criatura fantástica é conhecida em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Amazonas, Nordeste do Brasil e principalmente no estado de São Paulo, onde em determinadas áreas se costuma dizer que quando algum incauto tem a infelicidade de passar perto de um Corpo-Seco, este salta sobre ele e suga seu sangue como se fosse um vampiro. Os relatos e citações sobre ela são muitos. O folclorista Luis da Câmara Cascudo, por exemplo, diz que “O Corpo-Seco é a morada do espírito estridente que vaga depois da meia-noite, enchendo de medo os que ouvem a ressonância dos gritos apavorantes. Condenada a uma pena terrível, a alma dos grandes pecadores reside, durante o dia, no Corpo-Seco, múmia esquecida e sem história, no deserto dos cemitérios”.. 

Essa lenda famosa vai virar filme pelas produções do José Mojica Marins (Zé do Caixão), aguardem!

Fernando Kitzinger

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